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02 setembro 2007

Escrever

Escutando uma entrevista do João Carrascoza no site Letras e Leituras, na qual ele se refere ao Drummond - o Carlos Drummond de Andrade, esse mesmo - quando diz que há reservas colossais de poesia ao nosso redor - ou algo nesse sentido - lembrei-me do meu blog.

Eu o criei como um obrigatório exercício de escritura, um compromisso que assumiria comigo mesmo e com um pretenso público leitor.

O problema é que devo andar com meus músculos cerebrais seriamente atrofiados pois não pratico sequer um alongamento ou sequer um aquecimento para escrita há um bom tempo, quanto mais algum exercío, provavelmente pelo medo da contusão que ele possa me causar, tamanha a dimensão do meu sedentarismo intelectual.

O fato (justificativa?) é que eu sempre espero algo que me inspire, como o fortuito encontro com o Antonio Candido que tive em fevereiro, que me obrigou a escrever algo - na verdade mais por exibicionismo (assumo! poxa, quem não gostaria de estar no meu lugar, hein? não dá vontade de contar pra todo mundo?) que por necessidade de escrever.

E acho que essa necessidade não se cria; ou se tem, ou não se tem. Lembro-me de uma entrevista em que a Clarice Lispector, interrogada a respeito da relação que mantinha com sua produção literária, afirma que precisa escrever tanto quanto respirar: ou seja, é algo vital. Mas ao mesmo tempo dolorido. Lhe custava muito escrever. Algo difícil de se imaginar ao ler algum de seus livros em sua prolífica vida literária.

Creio, então, que devo sofrer de um mal que não deveria - não encontro os colossos de inspiração drummondianos - e de um que deveria - essa necessidade vital claricelispectoriana - para, ao menos, tornar-me um blogueiro mais assíduo.

No entanto, ainda que considere que os dois males devam ser trabalhados (o segundo, creio que se não se possa alcançar, é saudável que seja "imitado"), há um outro, ainda, do qual não sofria Drummond e nem Clarice. Esse mal é meu e nunca foi, nem será deles por motivos óbvios, desnecessários explicar: escasso acesso à internet.

Esse post é uma tentativa heróica de manter-me "vivo" e de garantir meu espaço na blogosfera. No próximo post (ah, vai haver!) devo dizer algo relevante. Por enquanto, ouça a entrevista do Carrascoza de agosto/2007 que vale a pena. Ela motivou esse post.

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1 Comentários:

Anonymous Anônimo disse...

Querido, a vida tá imersa em poesia, sim. É só ouvir Jorge Drexler e "Paciência" do Lenine que a gente percebe. Difícil é ter quem capte essa poesia pra nós e nos mostre onde ela está, como faz o Drummond. Mas não querendo exagerar nem puxar a sardinha pro seu lado, quem leu seu post sobre a conversa com "deus" saboreia esse gostinho... :) Por mais que te custe (acho que por causa do seu perfeccionismo), continue escrevendo que vale a pena e a gente merece. Se não merece, pelo menos fica feliz com seus textos.

setembro 02, 2007 11:00 PM  

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